domingo, 26 de julho de 2015

Mãos Que Falam

 
(Veja as fotos abaixo, antes de ler ! )


Encantam-me essas mãos envelhecidas. Olhando-as  dá para  imaginar o vai e vem da labuta diária e   sofrida numa época que exigia força bruta, paciência e muito suor devido aos afazeres domésticos.

Quantas histórias há em cada sulco e protuberâncias  causadas pelas veias endurecidas e fustigadas pelo pulsar da vida? Quantas lágrimas de riso ou de dor elas secaram ?

Vejo-as em gestos leves e dançantes ; ternas e generosas; postas em oração ou escondendo o pranto ; erguidas aos céus em gratidão ou clamando por auxílio; porém  sempre fortes e enérgicas ao enfrentar seu destino.

Mas o tempo é  implacável e inexorável! Nada o vence, nada o detém !  Varreu-lhes  a suavidade,  e num sopro leve e morno  tirou-lhes  todo o veludo que as mantinham  leves e macias !

O tempo é assim ...corrói a vida , invejoso do vento  que corrói  a terra!     






 Claudia Perpétuo,  fotógrafa de Niterói,  reconhecida internacionalmente, fala de sua série fotográfica "STONEHAND " 

Stonehand é a tentativa de criar um paralelo entre vida e eternidade, enfatizando essa relação com a semelhança entre os efeitos da erosão em minerais e os efeitos da idade sobre as pessoas. Da terra à terra, do pó ao pó. Sem personificação (só as mãos são mostradas), esta série sugere que, no final, somos todos parte de uma mesma coisa, apenas uma grande bola de pedra solta no espaço.
A aspereza da pele, as bordas bem definidas, o contraste entre pontos brilhantes e pontos escuros (como minerais) faz com que o observador perceba que há beleza mesmo no seco, no bruto, no final.
Mais de Claudia e sua obra em : 

( claudiaperpetuo.com )












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